segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O RIO DO TEMPO



Eu penso que o tempo é um rio que corre 
indo na direção deste "lugar nenhum ",
afogando a vida que nada sem rumo, 
 rumando sem forças num esforço incomum.
Correnteza implacável que leva os sonhos, 
que lava as dores, me mostre a estrada
que sagra as ideias e aponte a verdade, 
oh tempo, divindade do tudo e do nada.

Nesse rio de pedras, de galhos, de sonhos, 
de dores, de lutas eu vou navegar
e o barco da vida no rio do tempo 
eu sigo o tormento de não afundar.
Fui o santo da senda ou um louco qualquer, 
sete vezes caí, oito, me levantei,
e nas quedas da vida, eu fui o herói 
das batalhas e guerras que eu nunca lutei.

Na noite da loucura há pura vaidade 
ao ver a deidade tornar-se humano,
e na mente que engana com o sonho irreal,
vi o angelical se tornando insano.
No tempo que se esquece a prece se faz, 
digo o meu “até mais” para as coisas da vida,
e naquele abismo a me observar, 
logo eu vou guardar a minha alma sofrida.

Na resposta do escuro, aquilo que procuro 
me deu novas asas pra eu poder voar,
então eu vi um tempo de pura incerteza, 
a frieza que o vento soprou sem cessar
levando as folhas, varrendo a estrada 
e levando à jornada de todo o meu ser.
Então, eu fui a sombra e o medo da noite 
beijando a luz de cada amanhecer.

Na palavra que canto esse verso, esse pranto, 
eu cultivo o encanto em meio à loucura.
No jogo do destino, o tempo foi brutal, 
tal qual mero rival que do mal foi a cura.
e no olhar eu entrego a luz pra quem é cego, 
e colhendo o sonho dentro da razão
e tudo que procuro me traz o que é puro 
o sublime escuro nos dizendo "não".

sexta-feira, 7 de março de 2014

O canto do nada


E no meio de um delírio incontrolável
eu pude conversar com essa solidão.
Eu senti meus pés cravados nesse chão
e minha mente se tornou mais que indomável. 

Senti o vento que soprava intensamente 
e me contava sobre um passado distante 
E essa visão que foi surgindo em minha mente 
me levou pra um lugar, pra um instante. 

E com o canto deste nada que me atrai, 
eu sigo sempre destinado a não sonhar, 
entretanto, sonho com a chuva que não cai 
entre tantas palavras ditas sem falar. 

E neste sonho, eu caminho sempre só. 
Eu procurei por um sentido imaculado 
e voltei com a tristeza ao meu lado 
ao entender que sou o nada, sou o pó. 

Eu tropeço nas pedras que o tempo esqueceu 
e busco o sentido do tempo que não passou. 
E o resumo de tudo que sinto, tudo que sou 
pode ser lido no livro que ninguém leu.